Estar no comando dos sonhos abre oportunidades para manipulá-los de forma a aumentar nossa capacidade de aprendizagem quando estamos acordados. É nisso o que aposta Peter Morgan, pesquisador da Universidade de Yale (EUA) e seus colegas que mostraram que sonhadores lúcidos se saem melhor ao desempenhar tarefas num jogo especialmente projetado para testar o funcionamento do córtex ventromeclial que fica localizado na parte pré-frontal do cérebro.
Com o treinamento desta região do cérebro por meio de sonhos lúcidos, Morgan espera ser capaz de melhorar o controle social de uma pessoa e sua capacidade de tomar decisões baseado no fato de que a arquitetura interna do cérebro pode mudar de forma que ele aprenda novas coisas.
Pesquisas anteriores já mostravam que pessoas que praticam tarefas em seus sonhos lúcidos tem um desempenho melhor ao realizá-las no dia seguinte. Em um desses estudos, Daniel Erlacher, pesquisador da Universidade de Berna na Suíça (citado no post anterior) pediu às pessoas que podem ter sonhos lúcidos que jogassem uma moeda em um copo. Erlacher avaliou sua habilidade e precisão antes e depois de um período de sono em que os voluntários foram convidados a praticar o jogo em seus sonhos lúcidos. As sete pessoas que conseguiram ter um sonho lúcido relacionado a esse evento demostraram, depois, uma melhora significativa em seu desempenho, enquanto os outros não mostraram nenhuma mudança em sua capacidade.
Os experimentos de Erlacher se encaixam com as alegações de muitos atletas de que eles são capazes de aprimorar suas habilidades através da prática de um sonho. Este tipo de prática também pode ter um potencial terapêutico. Algumas pessoas que sofrem um acidente vascular cerebral perdem sua mobilidade de forma parcial ou total. Nesses casos, a terapia de reabilitação, por vezes, inclui o que é conhecido como “prática mental”, onde os indivíduos são encorajados a imaginar o movimento que ele, no momento, não é fisicamente capaz de alcançar.
As pesquisas sugerem que as redes neurais envolvidas no movimento imaginado e real são muito semelhantes, de tal forma que o treinamento destas áreas do cérebro através da prática mental poderia tornar mais fácil o movimento real.
Erlacher reconhece o benefício a partir des sonhos lúcidos poderia ser ainda maior do que na prática mental. Segundo ele, “Os sonhos são muito mais realistas do que a imaginação, proporcionando um ambiente mais realista para essa prática”.
Peter Morgan, por sua vez, acha que o aprendizado pode ser impulsionado pela natureza emocional dos sonhos lúcidos. Segundo Morgan “Nos sonhos lúcidos, há mais reforço positivo, o que resulta em um sinal de recompensa para o cérebro e, consequentemente, na melhoria da aprendizagem”
Mais informações encontram-se em um artigo publicado por Morgan e colegas no periódico científico Consciousness and Cognition.
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