Sonhadores lúcidos são pessoas que estão cientes do estado em que se encontram e que podem, deliberadamente, realizar ações, direcionar os eventos e controlar seus sonhos.
Em março desse ano publiquei um post sobre a pesquisa de Martin Dresler e Michael Czisch, ambos do Instituto Max Planck de Psiquiatria sobre sonhos lúcidos.
O trabalho dos pesquisadores foi publicado em um artigo em outubro de 2011 na revista Current Biology e foi citado em um número de março da Readers Digest.
A pesquisa de Dresler, agora publicada pelo Journal Sleep, descreve como os recentes dados obtidos por meio de suas pesquisas possibilitaram associar a ativação em sonhadores lúcidos de áreas que são normalmente desativados durante o sono REM proporcionando aos autores uma visão melhor sobre a base neural da consciência humana.
Este padrão de atividade pode explicar a recuperação, durante o sonho comum, da reflexão e das capacidades cognitivas que são a marca registrada do sonho lúcido.
Segundo o artigo, os pesquisadores estavam interessados em comparar os cérebros de sonhadores lúcidos e sonhadores normais com o objetivo de determinar os correlatos neurais que permitem que a sensibilização lúcida ocorra. A abordagem combinada de escaneamento EEG/fMRI foi usada para investigar o fenômeno.
“Nos sonhos normais temos um nível de consciência muito basal, experimentando percepções e emoções, mas não estamos conscientes de que estamos apenas sonhando”, explicou Martin Dresler, principal autor do novo artigo. Prosseguindo ele afirma que “É apenas em um sonho lúcido que o sonhador adquire um meta-conhecimento sobre o seu estado.”
Os dados de neuroimagem do estudo mostraram uma rede das regiões frontais do cérebro que são responsáveis pela maior parte do controle cognitivo do processamento das emoções e da lucidez foi acentuadamente ativada em poucos segundos na medida que os experimentadores atingiram o sonho lúcido. No post anterior, descrevo o procedimento usado pelos pesquisadores para constatar quando os experimentadores estavam passando por um sonho lúcido.
Como os investigadores estudaram apenas quatro sujeitos, sendo que apenas um deles tinha um sono REM lúcido com duração suficiente para ser analisado por ressonância magnética, mais pesquisas terão que ser realizadas para verificar os padrões observados repetem-se com outras pessoas.
O córtex dorsolateral pré-frontal direito (veja figura acima) foi uma das principais áreas do cérebro onde se verificou ativações relacionadas ao sonho lúcido. Esta região, acredita-se, tem um papel relevante em uma série de capacidades cognitivas superiores, incluindo a memória, a tomada de decisão e a auto-conscientização. Os pesquisadores explicaram que a atividade nesta área, combinada com estimulação dos lobos parietais, é provavelmente o que dá acesso aos sonhadores lúcidos a sua memória de trabalho. O precuneus uma parte do lóbulo parietal superior ligada à auto-percepção também foi especialmente ativada durante o sonho lúcido.
Os pesquisadores sugerem que, com maior investigação, o sonho lúcido poderia ser utilizado como um tratamento para as pessoas com uma variedade de desordens, tais como pesadelos recorrentes e alucinações hipnagógicas.
Para saber mais: The seat of meta-consciousness in the brain – Max Plack Institute of Psychiatry
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