Existem muitas formas de estudar as EFCs. Uma delas é no seio de algum grupo, instituição espiritualista ou, muito raramente, uma instituição acadêmico-científica.
Participar de um grupo de estudos ou pesquisas tem muitas vantagens. Podemos trocar experiências, relatos, fazer experimentos conjuntos. Enfim, se o trabalho for bem conduzido, pode ser muito enriquecedor. Afinal de contas, precisamos de outras pessoas para evoluir, pois a evolução é grupal. Ninguém evolui sozinho.
Infelizmente, é muito difícil encontrar-se um grupo assim onde as pessoas sejam mais isentas, mais universalistas. Existem muitos grupos que baseiam-se em princípios místicos e religiosos, gerando uma série de limitações sobre o que pode ser feito e como devem ser conduzidos seus trabalhos. Por exemplo, lembro-me de certa vez quando, participando de um evento em uma instituição, todos foram convidados a escolher um tema para produzirem artigos. O tema que escolhi foi rejeitado pela organização sob a justificativa de que somente o “guru” da instituição era evoluído o suficiente para escrever sobre aquele assunto.
Existe muita doutrinação e lavagem cerebral em grupos e instituições. As pessoas são levadas, via de regra, a crer em uma série de concepções errôneas.
Uma dessas concepções eu ouvi de um espiritualista ha poucos dias. Segundo ele afirmou, “Não é a nossa instituição que precisa das pessoas… são as pessoas que precisam da nossa instituição”. Embora isso possa ser, até certo ponto, filosoficamente correto, em termos práticos, não se pode fazer esse tipo de afirmação. Para ser sincero, nem creio que o autor da frase tenha ciência das implicações envolvidas nessa sentença.
Na realidade tem que existir um sinergismo entre grupo (ou instituição) e nossa vida pessoal. Um tem que complementar o outro para dessa relação surgir algo maior. Tem que haver uma relação de troca igualitária com a instituição de tal forma que a pessoa sinta-se bem. Existem grupos e instituições que proporcionam isso.
Mas então, qual é o problema de afirmar que uma pessoa precisa mais da instituição do que essa precisa da pessoa? Isso implica que a pessoa em questão, em algum momento, ou, conforme o caso, por muitas vezes ou, até mesmo, o tempo todo, terá que abrir mão de seus projetos pessoais, de seu tempo, de sua energia, de seu dinheiro, de seu emprego e até de sua família em prol da instituição. Claro que precisamos abrir mão de algo se desejamos fazer algum tipo de trabalho, mas, tudo dentro de um limite.
Assim, com base na cultuada relação de dependência da pessoa com a instituição, surgem as manipulações, de tal forma que, quando alguém reluta ou se nega a abrir mão de coisas que são importantes para si, é mal visto, mal falado, discriminado, tratado como assediado, imaturo, incapaz, fraco. Por outro lado, às vezes, por mais que ele faça, por mais que abra mão de si, acaba sendo tratado de uma forma pelos demais participantes que sente que está sempre devendo algo para a instituição.
Os exemplos clássicos são o emprego e a família. Desconfie de insinuações para abandonar seu emprego ou sua família para “buscar sua evolução”, “seguir sua missão” ou coisas do gênero, para “internar-se” em alguma instituição. Quase sempre isso termina mal.
Exemplificando mais uma vez, conheci duas pessoas que, independentemente, ingressaram em um certo trabalho espiritualista durante algum tempo acreditando que iriam aprender grandes coisas que ajudariam em seu processo evolutivo (projeções conscientes eram uma dessas coisas) aproveitando inclusive a companhia do guru do local, pessoa tida como muito evoluída e detentora de elevados conhecimentos espirituais. O fato é que elas tinham de fazer tantas coisas, tinham que trabalhar tanto para manter o tal lugar que, quando sobrava algum tempo para poderem ver uma palestra do tal guru, estavam tão cansadas que só tinham em mente dormir ou descansar um pouco. Dentro da hierarquia da instituição havia aqueles cuja função era monitorar o seu trabalho e garantir que tudo corresse de acordo com os objetivos traçados pelo guru. Qualquer coisa que fizessem que não fosse considerado adequado chegava, por meio desses colaboradores, aos ouvidos do guru que então fazia-lhes as cobranças. Felizmente, elas acabaram percebendo que algo estava errado e acabaram por “pular fora” e retomaram suas vidas.
Como de praxe, foram tratadas como assediadas, evolutivamente inferiores e, seus nomes, foram registrados, ainda que informalmente, no index de dissidentes/desertores. Toda instituição que pratica a doutrinação/lavagem cerebral tem esse index.
Concluindo, se você desejar participar se algum estudo ou trabalho em grupo, ou ainda tornar-se colaborador ou seguidor de uma instituição espiritualista, estabeleça limites para seu envolvimento; procure o “caminho do meio” entre vida pessoal/dedicação a instituição; faça seus investimentos em tempo, energia e até dinheiro na instituição, mas com muito discernimento.
Para saber mais – Livros:
Muito bom o seu esclarecimento! É isso mesmo!